O homem esguio corria diante da mata árida de fim de inverno, implorando para chegar à mata fechada, quase 1 km a frente, em seu encalço e diminuindo a distância a cada segundo, emergia uma figura escura, como uma sombra que não acompanha seu tutor.
Ao adentrar no labirinto de árvores o homem encontrou o casebre, sua tosca choça, que se entortava para cima tentando alcançar o céu, que era impossível de enxergar devido ao excesso de folhagem na copa de cada tronco que subia até o infinito.
O homem se esgueirou pela porta a batendo com toda a força que o medo lhe dera, a sombra não se introduziu na mata, pairava ali, no último centímetro que o sol ainda tocava, aguardando a volta daquele que a temia.
Passaram-se dias.
Anos.
Décadas.
O rapaz, agora, tão curvado quanto a espécime milenar que forrava seu quintal durante os outonos, nunca mais saiu do escuro ou se distanciou do casebre.
Ele era 100% constituído de medo, do vizinho desconhecido, que sumiu na noite seguinte, em busca de um novo covarde que pudesse amedrontar.
Ao anoitecer a sombra tornou-se escuridão, como o resto do mundo, se fez amante da lua e aprendeu a se alimentar de sonhos, dos tímidos demais para realizar.
Eu sei que você pensou num demônio ou em alguma categoria do sobrenatural, mas aquele é o meu, o seu caminho, que desistimos devido ao terror que é arriscar.