Estou presa num ciclo antigo, herdado
onde meu pai, meu avô e até o avô do meu avô moraram;
girando em uma mesma direção
onde encontro minha bisavó,
minha avó, e a esquecida irma de minha mãe
e eu,
prestes
a recomeçar…
no moinho,
com o feno que circula pelo meu corpo
há gerações
que morrerem num eterno
Por que?
Por que?
Por que?
Todo dia eu toco a mesma música aguardando a melodia se transformar
aguardando
a minha energia retornar, antes que se apague; e
pague
por mais um dia.
há uma sequencia de palavras,
que se desfizeram aos meus olhos
e eu quase toquei junho, antes de perder o último mantra
sobre liberdade (que já não importa)
antes de decepcionar pela décima e oitava vez
os meus pais
pronunciando em voz alta
que:
talvez, o problema seja eu!
Medicação
NÃO!
NÃO!
NÃO!
sete vezes não, o número tatuado nas mãos do meu pai
Oh baiano,
Por que me nega?
ainda te vejo acudindo toda a minha falta de caráter antes dos 16.
marcada infinitamente com a dependência
afetiva;
carência;
a depressão, escrita em caneta permanente
do norte ao sul do meu dorso
eu deveria ser medicada,
como minha mãe,
e a irmã de uma amiga; antes de se apagar.
pois de leste a oeste;
eu mesma escrevi, num sangue prematuro
alivio
talvez;
quando eu me tornar cinzas
pronunciaremos alto
vinte uma vezes, SIM,
finalizando a piada
que formulou a minha vida.
querida amiga, avise para quem buscar saber; que
— eu não procrio!
pois prometi ser a doença
que impede essa espécie de resistir.
sem liberdade